domingo, 28 de setembro de 2008

ECOS DA MEMÓRIA (IV)

«OLHANDO ARQUIVOS, FAZENDO HISTÓRIA. NOVO CONCEITO: "LEITARIA TROPICAL". O PROBLEMA
Contra os interesses económicos dos países de climas temperados e em favor do desenvolvimento dos países quente (antigas colónias, protectorados e/ou submetidos ao capital das economias avançadas) vi-me pela primeira vez imprevisivelmente confrontado num Simpósio Internacional em Amalfi, Itália, ao debater questões de produção e utilização de leite em países quentes, dando-me a oportunidade de impor novas visões e conceitos técnicos, científicos e económicos, diferenciando em termos de identidades específicas e comportamentos de acção concernentes à produção e utilização do leite em diferentes condições climáticas e desenvolvimento global. A história vem de longe e, para se perceber em todo o seu sentido temporal, aconselha-se e recomenda-se a leitura, no meu livro Viagem ao Correr da Pena, do capítulo "A viagem dos incómodos e das surpresas" (pp. 71 ss.), cujos incómodos foram muitos, mas as surpresas muito maiores e imprevisíveis... só lendo se entende o que está em causa.
Apesar de todo o rechaço sofrido resolvi ir em frente, aproveitando a primeira oportunidade, ao ter sido convidado pela organização do XIV Congresso Internacional de Leitaria (1956) para proferir uma das três conferências plenárias programadas e cujo título define o objectivo de minha escolha que discuti em Amalfi: "The problem of a sufficient supply of milk in hot countries, particulary in relation to milk producing animals - the cow, buffalo, sheep and goat" (idioma do regulamento do congresso) que mereceu uma referência no jornal Il Tempo, de Roma, de 27-IX-1956, que aqui se reproduz em parte:

"[...] L'intervento più importante di ieri al 14. Congresso internazionale del latte e stato quello del prof. Vieira de Sá, il quale ha riferito sul rifornimento di una quantità sufficiente di latte ai paesi a clima caldo, in rapporto all'animale produttore: mucca, bufala, pecora e capra.
In particolare è stata esaminata, con abbondanza di riferimenti tecnici, l'interferenza del clima sia all'equatore che nelle zone tropicali e dei monsoni. Si tratta di problemi complessi che investone l'igiene, il trasporto, la lavorazione particolare del latte sia per l'alimentazione diretta che per la trasformazione industriale. D'altra parte l'incremento della produzione è il dato fondamentale, giacchè se il volume di latte commerciabile non è sufficiente, límpresa è anti-economica."

Em 1962 fui convidado para «Opener of Discussion» da Secção X - Tema 1 do XVI Congresso Internacional de Leitaria (Copenhaga), "The keeping of cattle in 'milk colonies' as opposed to traditional village units; problems in connection with the keeping of cows and buffaloes in urban districts" [tratava-se de Carachi, Bombaim e outras cidades, onde corriam explorações-piloto muito badaladas por Korodi (técnico indiano que eu conhecia e encantava Pederson, Chefe de Serviços da FAO)], tendo apresentado, adicionalmente, uma intervenção de fundo com o título: "The Establishment of the Milk Colonies Must be Considered From Many Viewpoints, Specially Those Concerning Farming Economy».

A designação «Leitaria Tropical» consagra-se na literatura sobre o tema. O meu livro Lechería Tropical confirma o avanço e espalha-se por toda a América Central e Sul. Em Portugal não se viu interesse.

O industrial milanês teve de se ajustar aos tempos que exigem progresso e ideias; e actos adaptados às exigências da ciência e da civilização; e sobretudo longe da mentalidade que se presenciou no logro "amalfiano".»
FVS
Setembro de 2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

TESTEMUNHO (III) - PRODUTOS TRADICIONAIS, CONGRESSO COM HISTÓRIA, UM EXEMPLO E UMA AMIZADE QUE PERDURAM

Em resposta a um mail que enviámos para saber qual o Congresso que a levou a Cuba em 1990 - tema abordado no texto anterior - recebemos este testemunho de Conceição Martins, amiga de Vieira de Sá. Conceição Martins é Professora Catedrática da UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Aqui ficam as suas palavras e o nosso agradecimento, em nome do blogue e do Dr. F. Vieira de Sá:

«(...) O Congresso a que fui era «36th Internacional Congress of Meat Science and Technology» realizado em Havana de 27 de Agosto a 1 de Setembro de 1990. Apresentei um poster «Chemical characteristics of ALHEIRA - a Traditional Portuguese Saussage». O tema dos produtos tradicionais de salsicharia sempre me foi caro por razões familiares (o meu pai iniciou uma unidade artesanal de salsicharia em 1946 que foi evoluindo e tem actualmente 45 colaboradores e na qual eu também sou sócia). O meu estágio de licenciatura realizou-se no INETI, em presunto, onde conheci o Dr. Vieira de Sá e ocorreu o incidente de me tratar por tu (naquela altura era tudo mais formal). O tratamento, a admiração e a amizade perduram. Assimilei o espírito incutido pelo Dr. Vieira de Sá no Departamento onde era estagiária e continuei a cultivá-lo pela vida fora: a importância do trabalho em equipa, a interdisciplinaridade, o interessante e enriquecedor que é trabalhar com outras formações, o importante de se ser rigoroso, produtivo e com espírito de missão, de como líder defender a discussão sem subserviência, o entusiasmo de se fazer coisas. Estando eu agora a ler o seu último livro dou-me conta o quanto foi importante na minha carreira académica e na minha postura perante o trabalho, toda essa postura que bem absorvi. Foi para mim um privilégio ter em 1970/71 trabalhado no Departamento, mais especificamente na área de microbiologia com a Dra. Ilda Cruz . Mantive sempre contacto com o DTIA ao longo do tempo e mesmo relações de parceria em assuntos profissionais. Quando ia a Lisboa a visita ao DTIA fazia parte do programa da deslocação para discussão de assuntos de carácter profissional (desempenhava o lugar de técnica de uma PME do sector das carnes ) mais tarde integrando a universidade o DTIA foi fonte de conhecimento, manancial de bibliografia, fonte de conhecimento analítico e técnico, e parceria no projecto de caracterização da salsicharia tradicional. Continuei no tema na investigação e ainda hoje o nosso grupo de investigação na UTAD tem a sua âncora nos produtos tradicionais. Nestas visitas ao DTIA a confraternização na hora de almoço era também um ponto importante no cimentar de relações de amizade que o tempo e a distância não desmoronaram. (...) Quando disse ao Ramón Castro que tínhamos um amigo em comum, FVS, virei estrela, dispensou a tradutora e fiquei eu de intérprete, acompanhando-o todo o tempo que esteve no congresso. No dia anterior tinha estado a falar com o Fidel Castro. Foi um congresso com história.
Conceição Martins»

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

ECOS DA MEMÓRIA (III)

Doutora Conceição Martins e Ramón Castro Ruz (Habana, 31 de Agosto de 1990).

Sabendo da sua ida a Cuba participar activamente num Congresso, pedi-lhe imediatamente para ser portadora de uma mensagem de amizade para Ramón que me acompanhou sempre nas minhas digressões em toda a ilha, ao que ela logo se prontificou gostosamente. Daí a mensagem de Ramón que aqui se reproduz:
«Al querido profesor Vieira de Sá,
de Su hermano Ramón Castro Ruz / Habana 31-8-90 Querido profesor, lo saludo, con la portadora, Estimada Maria. Siempre lo recordamos y lo esperamos.
Lo quiere Ramón Castro Ruz».


À Conceição, ao oferecer-lhe o meu último livro, Autópsia a Um Departamento Científico do Estado - Livro Branco do DTIA, dediquei-o, escrevendo: «Por todas as razões terias direito a receber uma cópia desta peça shakespeareana, pois de drama se trata (uma autópsia é sempre drama). Mas acresce o facto de nesse elenco teres participado por algum tempo no papel de estagiária com um desempenho de muito bom quilate.

E até me recordo daquele aparte dela, em tom ofendido, advertindo-me que não me autorizava a tratá-la por tu, por não haver razões para tal. Respondi-lhe que continuaria a tratá-la por tu, mas, em contrapartida, pedia-lhe que me tratasse de igual para igual, pois eu exercito mais a fraternidade do que outras práticas amorfas e de catálogo que a sociedade usa sem nada dentro. E assim ficou a lição muito fácil. E a nossa fraternidade manteve-se e já conta muitos anos. Se assim não fosse teria o nosso relacionamento sido igual? Duraria para toda a vida? Fica a dúvida.» FVS

sábado, 20 de setembro de 2008

ECOS DA MEMÓRIA (II)

Graça Mexia, Manuel João da Palma Carlos, Annie, F. Vieira de Sá e Armanda Fonseca na embaixada de Portugal em Habana (arquivo FVS).

No dia seguinte à minha chegada a Habana, fui cumprimentar o Comandante Fidel Castro e agradecer-lhe o convite para visitar Cuba. Conversámos um bocado, dizendo-me ele que me agradecia toda a crítica que eu entendesse fazer. E que iria saber de mim diariamente através da sua secretária Annie, uma portuguesa em quem ele depositava toda a confiança. E assim todas as manhãs Annie me telefonava, conversando um pouco. Por vezes encontrava-a na embaixada de Portugal. Um desses dias alguém tirou esta foto. Da esquerda para a direita: Graça Mexia (médica), Palma Carlos (embaixador), meu contemporâneo do Liceu Passos Manuel [por isso eu ia à embaixada com alguma frequência para conversar de tempos idos e beber uma cerveja], Annie, eu e Armanda Fonseca (Presidente da Direcção da Associação de Amizade Portugal-Cuba). FVS

ECOS DA MEMÓRIA (I)

COM ESTE TEXTO INAUGURAMOS UMA NOVA RUBRICA, «ECOS DA MEMÓRIA», ONDE FERNANDO VIEIRA DE SÁ NOS TRARÁ ALGUNS APONTAMENTOS E RECORDAÇÕES SUGERIDOS POR FOTOS, RECORTES E OUTROS DOCUMENTOS DO SEU ARQUIVO
Com Ramón Castro, em 1975, de visita a um Centro de Inseminação Artificial em
Valles de Picadura (arquivo FVS)
Esta foto é do próprio dia em que cheguei a Cuba. Tendo embarcado em Lisboa à noite, cheguei a Habana às 6 da manhã. Aí, Ramón Castro informou do programa do dia: - tomar o jipe, agarrar nas malas e deixá-las à porta do hotel; - partir de imediato para visitas de trabalho de modo a vir almoçar à «Bodeguita del Medio», lugar histórico por aí se ter conspirado contra Baptista e por ter sido pouso de escritores como Hemingway e Neruda, entre outros. Aí nos aguardariam alguns convidados de Ramón e um grupo folclórico para animar o repasto. Aí chegados quase ao fim da tarde, o grupo já tinha saído convencido de que já não iríamos. Assim é a etiqueta cubana... llega cuando llega. Só se ouviram algumas canções cantadas pelos resistentes à demora.
Tendo permanecido em Cuba uma semana, mal vi Habana, andando sempre por montes e vales, sem deixar de visitar Valles de Picadura, onde se desenvolvia o projecto de desenvolvimento leiteiro, sob os preceitos recomendados no meu livro Lechería Tropical (edição revolucionária de 1967, mas que eu conheci em 1975). Antes este vale era um campo estéril e pedregoso. Em 1975 era um prado fértil onde pastavam centenas de vacas leiteiras de alta produção.
Foram dias de trabalho, mas também de muita fraternidade. Saí de Cuba quase cubano e nunca mais deixei de seguir a sua trajectória política e, sobretudo, o desenvolvimento pecuário. Voltei lá mais duas vezes, sobretudo para observar o progresso leiteiro. FVS

domingo, 14 de setembro de 2008

DISTRIBUIÇÃO REVOLUCIONÁRIA, EM CUBA, DE LECHERÍA TROPICAL

A MENSAGEM
(exemplar de F. Vieira de Sá)
Cf. Viagem ao Correr da Pena, p. 399: «A edição revolucionária foi a maneira que o Governo revolucionário de Cuba encontrou para ter acesso à obra, devido ao bloqueio norte-americano à ilha e que ainda se mantém ao fim de quarenta anos. Não só a edição foi produzida, como oferecida aos ganadeiros com a seguinte mensagem:
"Compañero:
Este libro tiene un gran valor, por eso se te entrega gratuitamente. Vale por el trabajo acumulado que significan los conocimientos que encierra; por las horas de esfuerzo investidas en confecionarlo; porque sintetiza un paso de avance en la lucha del hombre por ser tal. Su mayor valor estará dado, sin embargo, por el uso que tú hagas de él. Porque estamos seguros de eso uso, y por su gran valor, se te entrega gratuitamente.
EDICION REVOLUCIONARIA"»

EDIÇÃO REVOLUCIONÁRIA, EM CUBA, DO LIVRO LECHERÍA TROPICAL


Edição revolucionária de Lechería Tropical, La Habana, 1967.
Exemplar de F. Vieira de Sá, com alguns autógrafos/dedicatórias, oferecido em 11 de Setembro de 1975, por Ramón Castro, irmão de Fidel, com a seguinte dedicatória: «A mi querido hermano Fernando - defensor de la segunda madre de la humanidad - en su recorrido por Cuba. Valles de Picadura, Ramón Castro 11/9 - 75.

LECHERÍA TROPICAL - EDIÇÃO REVOLUCIONÁRIA, «FUZILAMENTO» E RESSUREIÇÃO DE F. VIEIRA DE SÁ

Diz Fernando Vieira de Sá na p. 392 de Viagem ao Correr da Pena, no capítulo já citado no texto anterior:

«Eu só vim a tomar conhecimento do meu "fuzilamento", como autor, após o 25 de Abril, ou seja oito anos mais tarde [a edição revolucionário é de 1967]. Através do primeiro contacto de Portugal com Cuba o jornalista Alpedrinha, e algumas semanas depois o Dr. Cruz Oliveira, na altura secretário de Estado da Saúde, no seu regresso a Lisboa, me procuram transmitindo-me um convite do Governo na pessoa do Ramon Castro, irmão de Fidel Castro, para visitar Cuba em agradecimento da contribuição que constituiu o meu livro para a orientação do projecto leiteiro, já então implantado. Aceitei o convite, que muito me honrou, tendo-me dado mais satisfação o dito "fuzilamento" que qualquer dinheiro que pudesse auferir pela venda dos direitos de autor de uma edição comercial. O "fuzilado", em nome de uma causa legítima, agora ressuscitado em nome de um reconhecimento. Para, no âmbito da divulgação do conhecimento científico e técnico, a maior de todas as recompensas é ter a confirmação da utilidade da sua obra, com a certeza de que para isso não contribuiu nada mais do que o seu conteúdo, o seu trabalho, e não a cunha ou lamber os pés a qualquer personalidade influente ou ainda entrar para o partido no poleiro, que no meu caso teria de ser a União Nacional ou a Legião Portuguesa para ter as portas abertas para as bibliotecas do Estado adquirirem as suas obras. Valeu a pena não vender a alma ao diabo... vale sempre a pena.»

LECHERIA TROPICAL - «COSTURANDO» A EDIÇÃO

Jiquilpan - Michoacan, México, 1960/61. Maria Elvira e Fernando Vieira de Sá . Fotos coladas no exemplar do autor com a seguinte nota manuscrita:
«escrevendo o livro Lechería Tropical cujo original em português foi rasgado (por revolta) por as editoras portuguesas não o terem querido publicar... por falta de interesse do assunto, segundo justificavam. Isto num país tropicalista.»

Mas para conhecer toda a história à volta deste livro sugere-se a leitura do capítulo «Acasos - A História de Um Livro», in Fernando Vieira de Sá, Viagem ao Correr da Pena, pp. 389-403, que começa precisamente com outra nota do Autor que reza assim: «ACASOS - A HISTÓRIA DE UM LIVRO / Cujo manuscrito em língua pátria foi, pelo autor, rasgado, por o ter considerado dispensável, tal como o afirmou o director da Escola Superior de Medicina Veterinária quando o representante da editora em Portugal o foi apresentar para aquisição pela Biblioteca do estabelecimento. O Ministério do Ultramar procedeu de igual forma.»

LECHERÍA TROPICAL - A EDIÇÃO DA UTHEA, CIDADE DO MÉXICO

A edição da UTEHA - Unión Tipográfica Editorial Hispano-Americana, México, 1965 (exemplar do Autor).

LECHERÍA TROPICAL - MAIS DOIS RECORTES

«LECHERIA TROPICAL. Dr. F. Vieira de Sá. Traducida al español por el Profesor Dr. Carlos Luis de Cuenca. Libro encuardernado de 350 páginas, editado por Unión tipográfica editorial Hispano Americana de Méjico y distribuida en España por la casa Montaner y Simón de Barcelona, 1965.
Una obra escrita en portugués por el especialista que es el Dr. Vieira de Sá y vertida al castellano por una figura tan preeminente dentro de la veterinaria española como la del Prof. Dr. Carlos Luis de Cuenca, no precisaría más comentario, por que de por sí sola se halaba pero no podemos menos de dedicarle unas líneas, muchas menos de las que merece, después de una primera lectura.
La parte primera estudia el medio ambiente y la productividad, considerando el clima y bioma, luego la acción directa del clima sobre el animal e inmediatamente la acción indirecta del mismo, terminando esta parte con las características de los animales en estas regiones y las consecuencias finales debida al clima. En la segunda parte considera las especies y razas que producen la leche en estos países de clima cálido: bovina - bufalina - cabra y la forma de mejorar el ganado lechero en los trópicos. En la tercera parte surge con toda fuerza el saber de quien ha trabajado en esos climas para la FAO, presenta los sistemas de explotación, los principios básicos de alimentación y la defensa sanitária del ganado y en la cuarta parte de un estudio extraordinario logrado sobre la tecnología lechera tropical, la economía lechera y la organización en aquellas zonas.
En este libro dedicado como su título lo indica a lechería tropical, no sólo aprenderá mucho el que haya de trabajar en aquellos climas sino que también todo el que a temas lactológicos se dedica.»
Anales de lactología y química agrícola
, Zaragoza, 12, 1966, p.16.
«Lechería Tropical - por Fernando Vieira de Sá - Edição da Union Tipografica Editorial Hispano Americana, México, 1965.
Esta obra, que se integra na "Biblioteca Tecnica de Agricultura y Ganaderia" publicada pela prestigiosa Editorial Hispano-Americana, cobre de maneira detalhada e completa o campo dos conhecimentos relativos à produção de leite nos países tropicais, o que a torna, por isso, de consulta muito útil aos técnicos que labutam nessas regiões, mormente aos médicos-veterinários que operam nas nossas províncias ultramarinas, embora os estudantes das nossas faculdades de Medicina Veterinária encontrem também neste magnífico trabalho um amplo e valioso repositório de informações sobre a economia leiteira em tão vasta zona do Globo.
O livro reflete, como é óbvio, a grande erudição e a larga cultura unânimemente reconhecidas ao Autor, que é, sem dúvida, na actualidade, um dos nomes mais brilhantes da Classe. O volume, que compreende um total de 348 + XIV páginas, é, como se disse, uma edição da UTEHA, da cidade do México, primorosamente impresso e valorizado com uma excelente introdução do prof. Carlos Luis de Cuenca, da Faculdade de Veterinária de Madrid, o qual se encarregou igualmente da tradução desta primeira edição em língua castelhana. Completam a obra, além de uma extensa recensão bibliográfica, numerosas gravuras e adequados índices, que valorizam sobremaneira tão relevante volume.
Fernando Marques»
Revista de Ciências Veterinárias, Vol. LXIII, fasc. 405 de 1968, p. 45.

LECHERÍA TROPICAL - ALGUNS RECORTES DA IMPRENSA DA ESPECIALIDADE


AO SERVIÇO DE UMA IDEIA UNIVERSAL DE FRATERNIDADE

«VIEIRA DE SA, Fernando: Lechería tropical. Un volumen de 348 págs., 16 x 23 cm., 97 grabados y un mapa. Unión Tipográfica Editorial Hispano Americana. México, 1965. Traducción: Carlos Luís de Cuenca.

Como resultado de una misión desempeñada por el autor bajo la confianza de altos organismos internacionales, y de una vocación plena a la zootecnia lechera, nació este libro en el que el autor condensa un cúmulo de problemas de índole biológica, económica, de costumbres y de tradiciones relacionadas con la producción lechera. Obra didáctica, a más de informativa, constituida según el esquema de una temática esbozadora que responde al deseo del autor de no abrumar con datos excesivos a quienes deben buscar soluciones a problemas, sin que falten los rigurosamente necesarios a los especialistas. Dedicado a los estudios de producción lechera tropical y de exploración biológica de las zonas tropicales al servicio de la producción lechera bovina, el autor ha recorrido en veinte años, prácticamente, todo el mundo no solamente para documentarse, sino para aportar soluciones y buscar los remedios mediatos o inmediatos de problemas difíciles. Las zonas áridas y secas, las estepes abrasadas, las desiertas, las vegetaciones xerofíticas, las poblaciones animales y humanas depauperadas, fue lo que este hombre exploró al servicio de una idea universal de fraternidade. Al regressar a su país después de realizar importantes misiones internacionales, le ha ofrecido el espléndido libro que hoy se presenta a los lectores de habla española, en el que se recogen los años transcurridos en pleno trabajo, frente a las fuerzas de la naturaleza y a los problemas de los hombres. Hemos de darle gracias por su esfuerzo.

INDICE: Introducción.-El medio ambiente y la productividad lechera.-El animal productor de leche.-Mejora del ganado lechero en los trópicos.-Explotación del ganado lechero en los trópicos.-Tecnología, economía y organización de la empresa lechera.»

[Revista espanhola de Zootecnia, núm. 2 (68), s/d, pp. 100-101.]

sábado, 13 de setembro de 2008

LECHERÍA TROPICAL - RECOLHA DE VALIOSAS EXPERIÊNCIAS

«VIEIRA DE SA (F.).-Lechería tropical.-Un volumen de 249 páginas, con 97 ilustraciones.-MEJICO,1965.
El veterinario don Fernando Vieira de Sá, figura bien conocida en los medios internacionales lecheros, como consecuencia de su larga estancia de trabajo en la Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación, há publicado un interesante libro, en el que se recogen las valiosas experiencias adquiridas personalmente a través de numerosos años de actividad en países cálidos.»
[Revista espanhola de leitaria, nº.58, Dezembro de 1965]

UMA VIDA EXEMPLARMENTE VIVIDA

Aqui se deixa, com a promessa de mais pormenores sobre a edição do livro Lechería Tropical, de Fernando Vieira de Sá, um recorte saído no Diário de Lisboa no dia 12 de Novembro de 1965:
«Do México, em edição da "Unión Tipográfica Editorial Hispano-Americana", chega-nos a versão em espanhol de um notável estudo do médico veterinário e distintíssimo técnico de lacticínios dr. Fernando Vieira de Sá, traduzido e prefaciado pelo professor da Universidade de Madrid dr. Carlos Luís de Cuenca. Reflectindo a projecção internacional dos trabalhos de um técnico português que conquistou por mérito próprio um prestígio invulgar no estrangeiro, "Lechería Tropical" constitui brilhante contribuição para o desenvolvimento da produção alimentar no sector a que se consagra. [...]

Esta obra, como escreve no prefácio o prof. Cuenca, é o fruto de uma dedicação total ao serviço de uma vocação plena, de uma experiência vivida e de uma documentação em primeira mão, postas à disposição de quem pode e deve aproveitá-las. Com a sua autoridade incontestável, o mestre espanhol salienta o valor humano de personalidades como a do dr. Vieira de Sá, que "prestam ignorada e anonimamente os maiores serviços à Humanidade". Depois de trabalhar longamente em Portugal, não só em serviços oficiais como na direcção técnica de empresas de lacticínios, o dr. Vieira de Sá percorreu grande parte da África em missões de assistência técnica, foi consultor técnico da F.A.O. para problemas da especialidade nos países tropicais e permaneceu no México durante cinco anos como orientador de importantes realizações pecuárias e industriais nesse país. No livro técnico que a editora mexicana publicou em língua espanhola reflecte-se uma vida exemplarmente vivida, além de uma cultura e de uma vocação técnica consagradas.

A edição é apresentada em excelente nível gráfico, com fotogravuras e um mapa em policromia, correspondendo ao nível internacional deste trabalho que honra os autênticos valores científicos e técnicos do nosso País».

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O TEMPO DAS CEREJAS

Nova referência a este blogue, agora no http://tempodascerejas.blogspot.com/, de Vítor Dias, a quem agradecemos estas palavras:

«É com grande respeito e admiração que chamo a atenção para o blogue em boa hora criado sobre a vida e as obras do dr. Fernando Vieira de Sá, chegado este ano aos 94 anos e tendo atrás de si todo um percurso científico, cívico e político digno da maior consideração. Clicando sobre a imagem de cima, pode aceder ao blogue e encomendar as obras de F. Vieira de Sá, um camarada que daqui saúdo com imensa estima.»

E não se esqueça: sempre que possa, visite «o tempo das cerejas»!