sábado, 20 de setembro de 2008

ECOS DA MEMÓRIA (I)

COM ESTE TEXTO INAUGURAMOS UMA NOVA RUBRICA, «ECOS DA MEMÓRIA», ONDE FERNANDO VIEIRA DE SÁ NOS TRARÁ ALGUNS APONTAMENTOS E RECORDAÇÕES SUGERIDOS POR FOTOS, RECORTES E OUTROS DOCUMENTOS DO SEU ARQUIVO
Com Ramón Castro, em 1975, de visita a um Centro de Inseminação Artificial em
Valles de Picadura (arquivo FVS)
Esta foto é do próprio dia em que cheguei a Cuba. Tendo embarcado em Lisboa à noite, cheguei a Habana às 6 da manhã. Aí, Ramón Castro informou do programa do dia: - tomar o jipe, agarrar nas malas e deixá-las à porta do hotel; - partir de imediato para visitas de trabalho de modo a vir almoçar à «Bodeguita del Medio», lugar histórico por aí se ter conspirado contra Baptista e por ter sido pouso de escritores como Hemingway e Neruda, entre outros. Aí nos aguardariam alguns convidados de Ramón e um grupo folclórico para animar o repasto. Aí chegados quase ao fim da tarde, o grupo já tinha saído convencido de que já não iríamos. Assim é a etiqueta cubana... llega cuando llega. Só se ouviram algumas canções cantadas pelos resistentes à demora.
Tendo permanecido em Cuba uma semana, mal vi Habana, andando sempre por montes e vales, sem deixar de visitar Valles de Picadura, onde se desenvolvia o projecto de desenvolvimento leiteiro, sob os preceitos recomendados no meu livro Lechería Tropical (edição revolucionária de 1967, mas que eu conheci em 1975). Antes este vale era um campo estéril e pedregoso. Em 1975 era um prado fértil onde pastavam centenas de vacas leiteiras de alta produção.
Foram dias de trabalho, mas também de muita fraternidade. Saí de Cuba quase cubano e nunca mais deixei de seguir a sua trajectória política e, sobretudo, o desenvolvimento pecuário. Voltei lá mais duas vezes, sobretudo para observar o progresso leiteiro. FVS

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