sexta-feira, 2 de novembro de 2012

DIA DE LOS MUERTOS

«Posada quer mostrar por forma dura e crua que, por mais que os vivos se disfarcem com largos chapéus e ricas plumas e outros adornos enfiados nos crânios das damas da alta sociedade, na morte tudo se reduz a um montão de ossos e a uma caveira horrenda, igual a todas as outras. Com a morte finda a jactância.
[...]
Chama-se ao dia Dia de los Muertos. O que se passa? Nesse dia, em vez da visita aos cemitérios para depor algumas flores (geralmente crisântemos) nas campas dos entes queridos e rezar (os crentes) uma oração evocativa, no México a celebração não fica por aí [...] Nesse dia, amigos e familiares dos seus defuntos de saudosa memória presenteiam-se com caveiras de açúcar feitas por confeiteiros especialistas na arte e vendidas em todas as confeitarias. As ditas caveiras assumem variadíssimos tamanhos, cores, adornos e expressões, todos de toque brincalhão, apelativo de qualquer intenção particular e caricatural, não lhe faltando a quadra escrita na testa sempre graciosa e com segundos sentidos. Os adornos podem ser vários, mas vulgar é a reprodução em açúcar da emblemática Calavera Catrina, de Posada, tão popular no México, como em Portugal é o célebre «Ora Toma» de Rafael Bordalo Pinheiro ou o «Galo» de Barcelos.»

Fernando Vieira de Sá, Ecos do México - Da História e da Memória, Moinho de Papel, 2005

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A LATA


UMA NOTA QUE NÃO PERDE ACTUALIDADE

Já tinha resolvido selar este meu blogue. Porém, falta-me a força para evitar uma excepção, perante a lata de quem se atreve a censurar quem quer que seja. O Senhor Soares meteu o socialismo na gaveta, o que ele próprio anunciou, e não há notícia de o ter tirado e, como tal, sucedem factos que neste mesmo blogue se ilustram com repugnância, como acontece com este artigo do Diário de Notícias de 9 de Outubro de 2012 - cuja chamada de primeira página se reproduz, com a cara de ovo estrelado - onde revela um impudor que envergonha a política ou qualquer um que seja.

Aqui fica o meu grito, não de regozijo, mas de tristeza.

Fernando Vieira de Sá
Lisboa, 10 de Outubro de 2012

sexta-feira, 20 de julho de 2012

«DERROTA É TER MEDO DO FUTURO»

«Se a minha vida parece ter sido uma vida atribulada de mudanças, discussões, lutas e desilusões, devo confessar que adorei todos os momentos que vivi, inclusivamente os mais difíceis, mesmo quando a luta se perspectivava com a minha derrota. E foram precisamente estas passagens as que mais me ajudaram em todos os sentidos. Nunca senti ou experimentei a derrota, porque derrota não é deixar de ganhar um balúrdio de notas ou não usufruir de compadrios vantajosos. Derrota é ter medo do futuro. Mas, para isso é preciso acima de tudo confiança em si próprio. É gostar daquilo que se faz e por que se luta, tanto no trabalho como na vida em geral, mais igualitária e sem subserviências.»

Fernando Vieira de Sá, Cartas na Mesa - Recordando Bento de Jesus Caraça e a «Biblioteca Cosmos», Moinho de Papel, 2004.

Fernando Vieira de Sá nasceu em Lisboa no dia 20 de Julho de 1914 na freguesia de Alcântara, em Lisboa, cidade onde vive. 

Parabéns, Vieira de Sá, pelo seu 98º Aniversário, mas sobretudo pela Amizade e pelo exemplo de Vida!

Luís Guerra