quarta-feira, 24 de setembro de 2008

ECOS DA MEMÓRIA (III)

Doutora Conceição Martins e Ramón Castro Ruz (Habana, 31 de Agosto de 1990).

Sabendo da sua ida a Cuba participar activamente num Congresso, pedi-lhe imediatamente para ser portadora de uma mensagem de amizade para Ramón que me acompanhou sempre nas minhas digressões em toda a ilha, ao que ela logo se prontificou gostosamente. Daí a mensagem de Ramón que aqui se reproduz:
«Al querido profesor Vieira de Sá,
de Su hermano Ramón Castro Ruz / Habana 31-8-90 Querido profesor, lo saludo, con la portadora, Estimada Maria. Siempre lo recordamos y lo esperamos.
Lo quiere Ramón Castro Ruz».


À Conceição, ao oferecer-lhe o meu último livro, Autópsia a Um Departamento Científico do Estado - Livro Branco do DTIA, dediquei-o, escrevendo: «Por todas as razões terias direito a receber uma cópia desta peça shakespeareana, pois de drama se trata (uma autópsia é sempre drama). Mas acresce o facto de nesse elenco teres participado por algum tempo no papel de estagiária com um desempenho de muito bom quilate.

E até me recordo daquele aparte dela, em tom ofendido, advertindo-me que não me autorizava a tratá-la por tu, por não haver razões para tal. Respondi-lhe que continuaria a tratá-la por tu, mas, em contrapartida, pedia-lhe que me tratasse de igual para igual, pois eu exercito mais a fraternidade do que outras práticas amorfas e de catálogo que a sociedade usa sem nada dentro. E assim ficou a lição muito fácil. E a nossa fraternidade manteve-se e já conta muitos anos. Se assim não fosse teria o nosso relacionamento sido igual? Duraria para toda a vida? Fica a dúvida.» FVS

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