quinta-feira, 27 de maio de 2010

O VULCÃO DA ISLÂNDIA E A CRISE ECONÓMICA DO MUNDO

O Mundo, e em particular a Europa, acorda um dia e, sem aviso prévio, assiste na TV a um arrepiante fenómeno da Natureza que jamais tinha ocorrido na sua globalidade desde que a Terra é Terra, tendo sobretudo em conta a exorbitante população do planeta e correspondente substrato que a civilização produziu.
Quer isto dizer que não é propriamente o fenómeno em si que arrepia e provoca perplexidade, mas sim o mundo cada vez mais habitado e mais desenvolvido. Paradoxos.
De repente - digo - em poucas horas, e depois dias após o anúncio trágico de que o vulcão da Islândia, em silêncio há 100 anos, volta exuberantemente à actividade, soltando arrepiantes montanhas de fumos da mais perversa perigosidade, atingindo entes vivos e sobremaneira os motores dos aviões, deixando milhões de pessoas paralisadas em toda a Europa, mergulhando-se assim numa catástrofe que não tem paralelo, com todas as inevitáveis consequências. Não vale a pena descrever mais sobre os momentos que se seguiram e continuaram a produzir em cadeia, indo ao âmago da vida social e global em que se integra o Mundo. As consequências não têm limite, o Mundo muda estupefacto. O fenómeno não tem antecedentes.
A isto chama-se globalização, cuja etiquetagem é já da rotina dos tempos actuais.
Ao assistir ao desenrolar do fenómeno e às notícias de todas as televisões do Mundo, dando conta dos reflexos próximos e distantes que, dir-se-ia não deixar ninguém directa ou indirectamente afectado por um fenómeno que ainda na véspera à noite parecia correr bem, exactamente porque num dado momento o tampão do vulcão, não aguentando a pressão interna, rebenta, Esse que era a chave (ou uma das chaves) do segredo infernal, cerne do aparelho que regula a vida do planeta.
Naturalmente, como qualquer cidadão do Mundo, fiquei suspenso das últimas notícias tétricas que continuavam a chegar e que são do conhecimento do Mundo inteiro, não vale a pena mais comentários. Da minha parte, à medida que se comentavam todos os aspectos do magno acidente e em termos de comparação, deu-me para comparar toda esta globalidade e secretismo contido no perfil da montanha vulcânica, o qual por razões inexplicáveis corta o silêncio, com a Crise Económica, também, por sua vez, de tanta raridade que, tal como o vulcão, parecia não existir com tanta gravidade.
De tal modo a comparação é fácil que, se quisermos ilustrar a crise, bastaria sobrepor as imagens da crise vulcânica, com as respectivas legendas, com a crise económica, submetendo as legendas da evolução às verificadas no vulcão. Assim: ruptura, alarme, primeiras consequências, segundas consequências em cadeia, crise, prejuízos em alargamento de consequências, caos, etc., construindo-se a metáfora ilustrada.
É bom reflectir e tirar a conclusão de que a crise económica do Mundo em geral, e de Portugal em particular, tendo uma linha de nascimento, desenvolvimento e efeitos, é uma crise como a crise vulcânica a que se assistiu, ao lado da profunda crise que assola a Europa e o Mundo com todas as consequências que fazem sangrar as economias.

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito interessante a comparação entre o surgir do vulcão da Islândia e o "surgir" da crise económica, ambos com possível ilustração comum, basta mudar a legenda...
um grande abraço
diogo gonçalves

Graciete Rietsch disse...

Gostei muito do texto. Exraordinária a forma como estabelece a comparação entre a erupção vulcânica e a erupção, que se avizinha, da Crise Económica. Um abraço.

Anónimo disse...

"Bravo, Fernando, pela comparação que fazes entre a erupção do Vulcão e as suas consequências e as consequências, para a sociedade em que vivemos, da actual crise mundial e global. É a demonstração certa de que, muito embora a carroceria esteja já um pouco usada - tem perto de 96 anos? - a máquina continua a funcionar como nova... Um abraço amigo do Ruy"
Ruy de Paiva e Pona