segunda-feira, 3 de maio de 2010

«O COMUM DA TERRA»

Vem ao caso a conferência proferida por Vasco Gonçalves, a convite da Câmara Municipal do Porto, no ciclo de conferências promovidas para a comemoração do 30º aniversário do 25 de Abril, e que deu origem a um livro (Vasco Gonçalves, No 30º Aniversário do 25 de Abril, Porto, Campo das Letras), do qual possuo um exemplar com uma saudosa dedicatória que me honra e enternece e onde se encontra a reprodução de um cartaz de Armando Alves com poema de Eugénio de Andrade que aqui também reproduzimos. FVS



O COMUM DA TERRA
(Vasco Gonçalves)

Nesses dias era sílaba a sílaba que chegavas.
Quem conheça o sul e a sua transparência
também sabe que no verão pelas veredas
da cal a crispação da sombra caminha devagar.
De tanta palavra que disseste algumas
se perdiam, outras duram ainda, são lume
breve arado ceia de pobre roupa remendada.
Habitavas a terra, o comum da terra, e a paixão
era morada e instrumento de alegria.
Esse era tu: inclinação da água. Na margem
vento areias mastros lábios, tudo ardia.

Eugénio de Andrade

2 comentários:

josediogogoncalves disse...

È sempre um prazer ler um texto de Fernando Vieira de Sá. E recordar Vasco Gonçalves, reviver o período mais transformador do século XX e o mais entusiasmante das nossas vidas.
Um grande abraço do José Diogo

Graciete Rietsch disse...

Só há muito poucos dias descobri este blog. Com que alegria encontrei de novo VASCO GONÇALVES, o homem que verdadeiramente compreendeu e tentou concretizar a REVOLUÇÃO DE ABRIL. Enquanto eu andar por cá,Ele viverá no meu coração acompanhado por Álvaro Cunhal , Salvador Allende, Che Guevara, sem desmerecimento de todos os outros que perfilharam e morreram pelos mesmos ideais.

Obrigada amigo.

Um abraço.