terça-feira, 5 de abril de 2011

O QUE FAZER COM A DESCOBERTA «LONGEVIDADE ACRESCIDA»

Um destes dias, estando em frente à televisão, surgem, num dado momento, 5 ou 6 rostos encarquilhados - homens e mulheres - escorrendo sorrisos de felicidade, seguramente por essa oportunidade de se mostrar ao mundo, coisa que não é para todos e, ainda por cima, de borla e sem truques.
A seguir a este quadro, surge outro de um grupo de investigadores biólogos, anunciando a sua última façanha, nem mais nem menos a descoberta do gene (ou coisa que o valha) do prolongamento da vida humana, certamente com a finalidade de ver chegada a hora de ver acabada a borrada que os políticos impingem, e também pela sua parte, beneficiando dos últimos aperfeiçoamentos da arte de surripiar o cidadão sob a tutela da governação de turno e que tem proporcionado êxitos financeiros sob a orientação de afamados economistas nacionais, sábios em ciências económicas e de alta tecnologia financeira como se vê.
O pior de tudo é que não se sabe bem o que os sábios querem fazer de bem para a sociedade gozar do alargamento conseguido, apesar de que, actualmente, a longevidade, sem a descoberta nascente, tem-se mostrado espectacular não sendo essa longevidade actual substancialmente mais alta do que a vigente no século passado. E mais: sem o milagroso gene, mas sim com o avanço das ciências médicas, sanitárias, higiénicas, etc., de tal maneira positivas que, actualmente, começa a dar dores de cabeça às caixas de reformas e todos os serviços sociais relacionados com os aposentados e aumento dos dependentes pelos grandes avanços que permitem uma maior longevidade que não tem nada que ver com o gene de nova Era e, de tal maneira, que já hoje esse alargamento da vida é um factor de preocupação na existência das caixas de reformas e sistemas sociais para atender ao apoio aos subsidiados ou dependentes idosos e improdutivos.
Por outro lado, alargando a longevidade até satisfazer os sábios e assim outros Nobel, mas mantendo o decréscimo da natalidade - também originado pelo sistema político - só tem agravado as dificuldades ao funcionamento familiar, tanto do ponto de vista doméstico, como cultural, donde resulta a incapacidade da actual orgânica do sistema social de apoio aos obrigatoriamente assistidos.
Deste modo, e partindo das novas descobertas, teremos em breve um Portugal caquéctico, por força do alargamento dos improdutivos e reformados, bem como pela redução progressiva da natalidade. Resultado: um país a cair da tripeça e sem futuro. De resto é a tendência da Europa, aliás já em desenvolvimento acelerado.
Já há mais de 50 ou 70 anos, o Prof. Abel Salazar, no seu livro A Crise da Europa (Biblioteca Cosmos), embora em outras perspectivas, levantava os problemas do envelhecimento da Europa, o que quer dizer que cada vez é mais urgente varrer as mentalidades que actualmente afundam o continente europeu. É isso que se quer?
Para terminar veio-me à ideia sugerir que talvez possamos pedir auxílio ao A.P., afinal o responsável remoto de tudo, em colaboração com Carlucci.

Fernando Vieira de Sá
Lisboa, Abril de 2011